Cinquenta
Tons de Cinza... mais escuros ... e de Liberdade.
A primeira coisa que notei
ao pegar o primeiro livro da trilogia “Cinquenta tons...”, foi que a fonte
usada no texto do livro, era desagradável à minha vista. Logo pensei: Como vou
conseguir ler esse livro, com essa letra tão cansativa? Na verdade, nem sei o
nome dessa fonte, mas já havia reparado o quão desconfortável essa letra é, ao
encontra-la em algumas revistas... (aposto que todos aqueles que tem o livro,
irão abrir suas páginas para conferir a letra...). Também confesso que fiquei
impressionada com a textura da capa, mas não fiquei muito tempo notando esses
detalhes, pois minha intenção era ler o livro, e não avaliá-lo.
Comecei a ler a história,
ainda de forma analítica, me lembrando de todos os comentários de amigas,
colegas de trabalho, parentes... Todas que me sugeriram a leitura, e
aos poucos fui tirando minhas próprias conclusões.
Não, eu não queria ser
Anastácia Steele!
Não, eu não queria me
relacionar com um homem como Christian Grey.! Aliás, se um homem sequer
sugerisse parte das coisas que ele impõe, certamente nosso relacionamento
terminaria antes mesmo de começar...
Pensando bem, se as mulheres
querem ser tão independentes, tão autossuficientes, tão poderosas, por que o
livro chama tanto a atenção das mulheres? Alguém já reparou que eles (os livros) não
causam o mesmo efeito nos homens? (Falarei sobre isso mais tarde)
Bem, minha tese é que nem
Christian Grey, nem Anastácia Steele são capazes de seduzir os leitores... Quem
seduz o público (feminino) maravilhosamente, é a autora E. L. James.
A narrativa em primeira pessoa do singular,
substantivo feminino, é o que faz com que mulheres de diversas idades e nações
se envolvam tão profundamente na história.
Enquanto narra uma passagem da história, a
autora consegue transportar a leitora para o lugar da personagem principal.
Observe:
“... Christian afunda seu
rosto em MEUS cabelos, segura MINHAS mãos, beija MEU pescoço, causando um
arrepio em todo o MEU corpo... Ele ME deseja profundamente...”.
Toda e qualquer mulher,
carente ou não, gostaria que o seu amado a desejasse profundamente e isso não é
uma crítica aos relacionamentos. Acontece que depois de um certo tempo de
convívio, tanto o homem como a mulher, passam a demonstrar menos avidez no
contato com seu parceiro Essa é uma atitude natural. Você sacia sua sede no
primeiro copo d´água. Mesmo que o dia esteja quente, e a temperatura esteja
atingindo os 40º C, se você beber água o dia inteiro, você não sentirá o mesmo
prazer que sentiu no primeiro copo. Entretanto, quando Christian Grey diz: “Eu
nunca vou me saciar de você” ele responde ao desejo secreto de muitas mulheres,
o de ser desejada profundamente, durante todo o tempo. Eu diria que essa seria
um excelente massagem para o ego feminino.
Por outro lado, quando um
homem lê o mesmo trecho do livro, ele não consegue se transportar para dentro
da história. Imagine o homem lendo o trecho:
“... Christian afunda seu
rosto em MEUS cabelos, segura MINHAS mãos, beija MEU pescoço, causando um arrepio
em todo o MEU corpo... Ele ME deseja profundamente...”.
Certamente, nenhum homem se
sentirá confortável nessa situação, para eles, os livros seriam muito mais
interessantes, se narrados pelo próprio Christian Grey:
“... Afundei meu rosto nos
cabelos de Anastácia, segurando suas mãos firmemente beijei seu pescoço,
sentindo a reação de seu corpo em contato com o meu... Ela se derrete de desejo
com meus toques...”
Percebem a diferença de
ponto de vista?
O contrário ocorrerá com o filme
(que certamente virá depois do livro) Este, será muito mais interessante aos
homens do que às mulheres, pois são eles que se seduzem por apelos visuais. E,
enquanto suas esposas e namoradas, não conseguirão se transportar para o papel
de Anastácia, eles adorarão as cenas quentes entre o casal.
Erótico ou não, amado, julgado
ou criticado por diversas pessoas, a verdade é que com o filme, a história será
capaz de conquistar homens e mulheres, solteiros, casados, enrolados... e
certamente, muitos casais conseguirão reaquecer a chama da paixão, se
utilizarem corretamente parte das mensagens contadas na história. Porém é
necessário cuidado e comunicação, pois é o desejo masculino que desperta o
vulcão interior de uma mulher... as agressões físicas podem despertar sua ira
ou sua mágoa, podem destruir o relacionamento e o caso de
amor poderá acabar na delegacia. (Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha)
Então, lembrem-se que essa é
uma obra de ficção, e que por mais sedutores que eles pareçam ser, não existe
Christian Grey, vampiros, Wolverines, e outros personagens de livros e filmes,
que nos entretém nos momentos de lazer.