sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Cinquenta Tons de uma história


Cinquenta Tons de Cinza... mais escuros ... e de Liberdade.

A primeira coisa que notei ao pegar o primeiro livro da trilogia “Cinquenta tons...”, foi que a fonte usada no texto do livro, era desagradável à minha vista. Logo pensei: Como vou conseguir ler esse livro, com essa letra tão cansativa? Na verdade, nem sei o nome dessa fonte, mas já havia reparado o quão desconfortável essa letra é, ao encontra-la em algumas revistas... (aposto que todos aqueles que tem o livro, irão abrir suas páginas para conferir a letra...).  Também confesso que fiquei impressionada com a textura da capa, mas não fiquei muito tempo notando esses detalhes, pois minha intenção era ler o livro, e não avaliá-lo.
Comecei a ler a história, ainda de forma analítica, me lembrando de todos os comentários de amigas, colegas de trabalho, parentes... Todas que me sugeriram a leitura, e aos poucos fui tirando minhas próprias conclusões.
Não, eu não queria ser Anastácia Steele!
Não, eu não queria me relacionar com um homem como Christian Grey.! Aliás, se um homem sequer sugerisse parte das coisas que ele impõe, certamente nosso relacionamento terminaria antes mesmo de começar...
Pensando bem, se as mulheres querem ser tão independentes, tão autossuficientes, tão poderosas, por que o livro chama tanto a atenção das mulheres?  Alguém já reparou que eles (os livros) não causam o mesmo efeito nos homens? (Falarei sobre isso mais tarde)
Bem, minha tese é que nem Christian Grey, nem Anastácia Steele são capazes de seduzir os leitores... Quem seduz o público (feminino) maravilhosamente, é a autora E. L. James.
 A narrativa em primeira pessoa do singular, substantivo feminino, é o que faz com que mulheres de diversas idades e nações se envolvam tão profundamente na história.
 Enquanto narra uma passagem da história, a autora consegue transportar a leitora para o lugar da personagem principal. Observe:
“... Christian afunda seu rosto em MEUS cabelos, segura MINHAS mãos, beija MEU pescoço, causando um arrepio em todo o MEU corpo... Ele ME deseja profundamente...”.
Toda e qualquer mulher, carente ou não, gostaria que o seu amado a desejasse profundamente e isso não é uma crítica aos relacionamentos. Acontece que depois de um certo tempo de convívio, tanto o homem como a mulher, passam a demonstrar menos avidez no contato com seu parceiro Essa é uma atitude natural. Você sacia sua sede no primeiro copo d´água. Mesmo que o dia esteja quente, e a temperatura esteja atingindo os 40º C, se você beber água o dia inteiro, você não sentirá o mesmo prazer que sentiu no primeiro copo. Entretanto, quando Christian Grey diz: “Eu nunca vou me saciar de você” ele responde ao desejo secreto de muitas mulheres, o de ser desejada profundamente, durante todo o tempo. Eu diria que essa seria um excelente massagem para o ego feminino.
Por outro lado, quando um homem lê o mesmo trecho do livro, ele não consegue se transportar para dentro da história. Imagine o homem lendo o trecho:
“... Christian afunda seu rosto em MEUS cabelos, segura MINHAS mãos, beija MEU pescoço, causando um arrepio em todo o MEU corpo... Ele ME deseja profundamente...”.
Certamente, nenhum homem se sentirá confortável nessa situação, para eles, os livros seriam muito mais interessantes, se narrados pelo próprio Christian Grey:
“... Afundei meu rosto nos cabelos de Anastácia, segurando suas mãos firmemente beijei seu pescoço, sentindo a reação de seu corpo em contato com o meu... Ela se derrete de desejo com meus toques...”
Percebem a diferença de ponto de vista?
O contrário ocorrerá com o filme (que certamente virá depois do livro) Este, será muito mais interessante aos homens do que às mulheres, pois são eles que se seduzem por apelos visuais. E, enquanto suas esposas e namoradas, não conseguirão se transportar para o papel de Anastácia, eles adorarão as cenas quentes entre o casal.
Erótico ou não, amado, julgado ou criticado por diversas pessoas, a verdade é que com o filme, a história será capaz de conquistar homens e mulheres, solteiros, casados, enrolados... e certamente, muitos casais conseguirão reaquecer a chama da paixão, se utilizarem corretamente parte das mensagens contadas na história. Porém é necessário cuidado e comunicação, pois é o desejo masculino que desperta o vulcão interior de uma mulher... as agressões físicas podem despertar sua ira ou sua mágoa, podem destruir o relacionamento e o caso de amor poderá acabar na delegacia. (Lei 11.340/2006 – Lei Maria da Penha)
Então, lembrem-se que essa é uma obra de ficção, e que por mais sedutores que eles pareçam ser, não existe Christian Grey, vampiros, Wolverines, e outros personagens de livros e filmes, que nos entretém nos momentos de lazer.