terça-feira, 24 de novembro de 2015

Vícios e vicios

Depressão é um vício, e assim como outros vícios, é preciso esforço para livrar-se dela.

Ela não te dá o barato das drogas, a loucura do álcool, o estranho prazer fedorento do cigarro, mas ela se agarra a você como a coberta quente em um dia de frio.

Tudo que você mais deseja é ficar deitado, enrolado naquela coberta.

Alguns dias, você até pensa em livrar-se dela... Mas a coberta é tão macia... Tão aconchegante...

A depressão te abraça como um polvo e te leva pro fundo do oceano.

Eu nunca pratiquei mergulho, mas acho o fundo do mar tão lindo e tão quieto que poderia me viciar nele também.

Mas esse seria um bom vício.

Porque também existem vícios bons...

Dizem que correr é um vício.

Estou tentando me viciar.

Confesso que não sinto imenso prazer em correr pela praia, apesar da vista, apesar da brisa, apesar do pôr do sol e dos companheiros de treino.

Não sinto prazer em sentir o coração batendo nos ouvidos ou o rosto ardendo como brasa.... Mas um dia eu chego lá!

Seja lá onde isso for.

Porém existe um prazer que conquistei graças a corrida, ou melhor seria dizer, um prazer que re-conquistei.

Correr me devolveu o prazer de dormir.

Dormir profundamente, sem as tensões do dia-a-dia, sem sonhos turbulentos, sem insônia. Dormir somente... e relaxar.

Isso sempre acontece nos dois dias da semana que corro.

E se a depressão é o vício que nos aprisiona na cama, a corrida é uma amante experiente, que nos seduz, e nos dá o verdadeiro prazer ao deitar.

O prazer de dormir o sono dos justos. O sono dos verdadeiros heróis.

Daqueles que enfrentaram suas fraquezas e se tornaram senhores de sua própria caminhada. Em seu próprio ritmo, compassado com os batimentos de seus corações.

E de todos os vícios que eu evito ou que me permito, alguns realmente valem a pena: correr, dormir, mergulhar no mar azul ou o maior vício de todos...

Tentar ser feliz todos os dias! Valorizando cada pequeno momento e colecionando as boas emoções, como quem coleciona figurinhas... Olhando cada uma bem de perto, mostrando para os amigos, trocando sorrisos ou experiências.

Porque esse vício só me faz bem.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Brigas desnecessárias

Confesso que nunca fui de brigar, mas a maturidade me deixou ainda mais "preguiçosa" para brigas.

Na verdade, a palavra certa seria "seletiva".

Não tenho forças, nem vontade de entrar em brigas vazias, que não levam a lugar nenhum. Discussões as quais ninguém ganha e ninguém perde.

Na maioria das vezes as pessoas ficam discutindo, tentando provar para o outro que a "sua" opinião é a certa, a melhor.

Mas cada um tem "sua própria opinião"! E só se muda o pensamento de alguém, se os argumentos forem muito bons, ou se a pessoa estiver disposta a ouvir.

Então temos outra questão: Quem está disposto a ouvir?

Hoje em dia, todos só querem GRITAR.

Gritar aos quatro ventos sobre aquilo que pensam, aquilo que acham, erguendo bandeiras que empunharam sem nem questionar ou conhecer profundamente o assunto.

Gritar que "eu" estou certo e "vocês" estão errados, não importa qual seja o tema da discussão.

Felizmente, não participo desse time de esbravejadores insanos.

Quando percebo que uma simples conversa virou uma disputa pela "verdade absoluta", simplesmente me calo, me retiro. Comunico minha discordância e saio pela lateral do palco.

Eu não disputo holofotes, assim como não ficarei parada assistindo a monólogos de ditadores.

Deixo clara minha posição e, em certo casos, explico que não tenho razões para continuar um assunto que não chegará a uma conclusão unânime.

Cansei de blá blá blás! Ainda assisto, é verdade, diversas vezes na semana, as pessoas se digladiando para decidir quem tem "a" razão. Mas me poupo desse desgaste.

No desespero, os mais fracos de argumento passam a desferir ofensas pessoais, e aquilo que era um diálogo civilizado se torna um bate-boca infantil.

Ahhh... Não tenho mais idade pra isso!

Não que eu seja uma idosa. Tenho meus exatos "x" anos bem vividos.

Poderiam ser 8, poderiam ser 15 ou 32, já faz tempo que decidi poupar meus vocábulos para conversas com verdadeiros propósitos. Ou ainda, para escrever meus textos no blog.

Sei que algumas vezes, escrever se torna uma espécie de monólogo, mas fico aberta a ouvir criticas.

De minha parte, prometo não entrar em brigas desnecessárias.

Um grande abraço a todos, e que sirva de reflexão!

Um dia de chuva

Um dia de chuva... 

Você acorda, se prepara para o trabalho, pega o casaco, o guarda-chuva, sai de casa, pega o ônibus e vai...

Você se molha, passa o dia com as meias encharcadas, você até se preocupa em ficar resfriado, mas você vai...

Um dia de chuva!! Mas você tem aula na faculdade, tem consulta médica, tem um compromisso de trabalho, precisa comprar um remédio, e você vai...

Você enfrenta a chuva, os raios e trovões, você sai de casa no meio de uma tempestade, encara a enchente e vai trabalhar, vai para seu compromisso inadiável... Você vai!

Então eu pergunto:

Por que você fica em casa nos finais de semana chuvosos?

Por que você cancela o cinema, a ida ao shopping, o passeio no parque ou no zoológico?


Por que você deixa de fazer atividades de lazer devido ao mau tempo?

Por acaso essas atividades são menos importantes do que os outros "compromissos" que você tinha antes?

Tenho certeza que não.

A gente se obriga a fazer diversas atividades, "faça chuva ou faça sol", e quanto tem a opção de sair pra se divertir, deixa de fazer o que gostaria, por causa do tempo.

Dá para acreditar nesse boicote pessoal?

Eu quero ir passear! Pode ser que chova, pode ser que não, mas eu quero ir passear!

E se eu estivesse viajando? Será que eu passaria vários dias trancadas no hotel, ou será que eu colocaria uma capa e levaria um guarda-chuva para andar pela cidade, olhar as vitrines, visitar um museu?

Chega de desculpas! Se São Pedro não colabora, vamos embora, deixe ele pra lá, vamos sair por aí, "cantando na chuva".

Não dá para passar o fim de semana todo sentada no sofá, assistindo reprises na tv... Bem, às vezes, até dá para fazer isso... Mas não quando os últimos finais de semana foram todos assim.

Qual o problema de sair em um dia de chuva?

Chega de viver como o Cascão, das revistas em quadrinhos, vamos sair e nos divertir!

O céu pode estar cinza, as calçadas cheias de poças, a chuva pode estra caindo à dias, mas... E daí?

Quando o sol voltar, você irá reclamar do calor escaldante. Você sempre terá uma desculpa para ficar trancado na gaiola. Esqueça isso! 

Caminhe pelo mundo, observe a natureza, vislumbre os horizontes. Enfrente as tempestades e siga seu caminho... Vá se divertir, afinal você só tem dois dias de folga na semana (às vezes um dia e meio), não desperdice esse tempo trancado em casa só por causa de uma chuvinha insistente. Mostre a ela, que quando você quer se divertir, nem ela poderá te impedir.