domingo, 26 de fevereiro de 2017

Malabaristas

Vejo meninos no semáforo, lançando ao vento bolas gastas de tênis....Ou laranjas....Ou limões.

Eles se empilham em malabarismos circenses em busca de um trocado.

Me pergunto: Quanto tempo eles se dedicaram a aprender tais artes?

E por que não dedicaram esse mesmo tempo às ciências, à matemática, à nossa tão esquecida língua portuguesa?

Por que não estão nas salas de aula, aprendendo uma infinidade de assuntos, e se preparando para os desafios futuros?

Eu mesma respondo:

A sala de aula não oferece um trocado. Uma moeda. O resultado imediato para aquele esforço de aprender malabarismos.

Nossos pequenos artistas circenses tem pressa.

Eles vivem o hoje, como se não houvesse amanhã.

E não há.

Não para eles.

Amanhã eles ainda estarão nesse mesmo cruzamento. E no outro dia também... No natal...

A encruzilhada é mais do que o território de seu ganha pão. Ela é o símbolo de sua situação atual. Mas eles só vêem um caminho...

Eles deram as costas para a outra via.

Talvez, se os meninos do sinal pudessem se equilibrar entre os estudos e os trocados.

Se pudessem aprender com o mesmo esforço, lançar laranjas e escrever uma nova história.

Talvez no natal de algum ano, eles estivessem lançando ao vento, um chapéu de formatura.

Qual o futuro dos meninos, que em troca de algumas moedas, lançam ao vento suas chances de ter uma vida melhor?

A dança da fênix

Renasço todos os dias quando acordo na mesma rotina de sempre, mas consigo enxergar cada dia como um dia único.
Renasço todos os dias quando treino meu olhar para enxergar a beleza das cores em um dia de sol, ou apreciar o cheiro da chuva e a felicidade das plantas dançando na suave brisa do vento.
Renasço quando reúno amigos e familiares para conversar de assuntos sérios, ou rir de bobagens.
Renasço a cada abraço apertado, carinhoso e reconfortante, onde a troca de energias recarrega nossas baterias.
Renasço em um banho de chuveiro, quando deixo a água lavar as impurezas e as preocupações.
Renasço todos os dias observando a pureza das crianças, seus sorrisos fáceis e o brilho no olhar.
Renasço ao escutar histórias e absorver a sabedoria dos idosos.
Renasço em meu trabalho, quando me dedico a tudo que acredito que pode dar certo, e busco resultados para cada novo desafio.
Renasço quando abandono as tarefas do lar e passo horas admirando a natureza na beira da praia
Mas também renasço quando depois de uma longa faxina, admiro a beleza da casa que me abriga.
Renasço ouvindo minha música preferida, meu hino, ou outras músicas que me fazem recordar de pessoas, momentos, saudades
Renasço quando cuido de mim mesma e o recebo elogios carinhosos de quem notou esse cuidado
Renasço quando desabafo em um ombro amigo, e renasço muito mais forte, quando sou o ombro e posso acolher alguém que necessita
Renasço nas vitórias, ou no reerguer depois dos tombos.
Renasço quando pesquiso e aprendo coisas novas
Renasço cada vez que sou capaz de ajudar o próximo, mesmo que sem esperança de gratidão.
Quando percebo que um pequeno gesto pode fazer uma grande diferença pra alguém. E quando eu faço esse gesto.

A felicidade está ao nosso redor. Nos pequenos detalhes.
Senti-la, depende também de nós.

(Releitura do texto de Plano Neruda - livro: A dança da paz - ver nos comentários)
Por: Helena Sá