domingo, 22 de abril de 2018

A pedra

Tinha uma pedra em meu caminho.

Sentei e bebi água esperando ela sair.

Mas a pedra tinha outros planos, e ficou lá, bebendo água, esperando eu desistir.

Assim ficamos nessa valsa estática, nesse jogo de xadrez, esperando um movimento que não se deu.

Eu, a pedra. A pedra e eu.

Uma agonia me consumia mais que a dor.

A espera é lancinante para quem não sabe esperar.

Fui me acostumando com a idéia de conviver com a pedra. Talvez devêssemos sentar e conversar.

A pedra não quer partir. Parto a pedra ou deixo que fique?

Rocha, rochedo, seixo, calhau, pedregulho... PEDRA.

Calculo que seja só um pedrisco. Cristais que se uniram em um só bloco.

Bloqueando meu caminho tranquilo.

Tinha uma pedra. Ainda tem.

Mais um copo, por favor!

Água mole em pedra dura...

Quem sabe ela se vá ainda hoje.

Quem sabe quando a pedra vai sair?




sexta-feira, 13 de abril de 2018

Hipocondríacos

Sempre ouvi dizer que a gente não deve se auto medicar.

Meu paip é médico, por isso nunca tive esse problema. Se aparecesse algum sintoma, minha mãe logo fazia o diagnóstico e nos receitava alguma coisa. Ela não fez medicina, mas casada a tantos anos com um médico, já deve ter se formado por osmose.

O melhor e que nem era preciso ir na farmácia para comprar o medicamento, tínhamos filial da farmácia em casa.

Dos sete filhos dos meus pais, acho que sete são meio hipocondríacos.

Por falar nisso... uma vez uma amiga me perguntou como se chamava a pessoa que tem mania de remédio. Prontamente, e conhecedora do assunto, eu logo respondi: hipocondríaco.

Mas ela questionou: hipocondríaco não é quem tem mania de doenca?

Sem perder a amizade, e com toda delicadeza de uma Ariana eu expliquei: Se a pessoa tem mania de doença e não toma nenhum remédio, ela é CHATA mesmo. (Só quer reclamar!)

Enfim, voltando aos remedios, e às doenças, tentei me auto curar dessa característica quase genética, e deixar de tomar pílulas, xaropes, antialergicos, antibioticos, antiinflamatórios, antiácidos, antihistamínicos e toda a sorte de drogas vendidas legalmente (as ilegais nunca nem provei).

Mas, por um acaso do destino, casei com o Rei das "ites". Bronquite, sinusite, rinite... Enfim, no pacote matrimonial veio a família (pacote padrão), e uma carteirinha de sócio da farmácia, ou quase isso.

Agora, além de filial da farmácia, também temos em casa um drive-thru de medicamentos (fica na mesinha de cabeceira), qualquer tosse ou espirro noturno, o paciente já pode escolher seu "combo" de emergência.

Ainda luto fortemente para não me render à esse mundo, mas confesso que não sou tão forte assim. Pra enxaqueca, escolhi meu próprio remédio. Eu fui ao médico, mas não me adaptei ao que ele receitou.

Já parei com os anti ácidos, pois o gastrologista teve mais sorte com minha aceitação de sua sugestão.

Porém, em algumas situações, não chego a me consultar. Uma gripe no meio da viagem de férias não é motivo para perder horas no hospital (ou alguns minutos, se você estiver com sorte), mais fácil comprar aquele remėdio com efeito incrível em um ou dois dias.

Dessa forma, algumas vezes, sou capaz de notar soluções bem simples para fazer os hipocondríacos consultarem um médico com frequência.

Por questões de segurança, não sei bem se é para evitar que crianças tomem remédios por acidente, ou se algumas pessoas faziam degustação nas farmácias (como fazem em restaurantes por quilo), o fato é que está cada vez mais difícil abrir uma embalagem de medicamento.

Isso me fez pensar, se devo sugerir à indústria farmacêutica e seus representantes, que apaguem todas as informações da bula e da embalagem. Escrevam apenas em letras grande: "Consulte um médico. Ele tem a chave para abrir esse frasco"

Acredito sinceramente que iria funcionar.

Bem, vou encerrando por aqui, o antigripal tem uma cápsula noturna que deve dar um certo soninho, e como eu tomei faz uns 3 minutos e meio, acho que já está fazendo efeito.

Boa noite.
Se espirrar: Saúde!
Pra gripe, sopa quente, descanso e bastante líquido (que também ajuda com as pedras nos rins)

Melhor desligar o celular. Dizem que atrapalha o sono. (Principalmente quando toca o despertador)