terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Silêncio

O facho de luz não consegue cortar a escuridão.

O universo é breu.

Um grito calado que ninguém pode ouvir.

Olhos fechados não escondem o que não se quer enxergar.

No mundo paralelo tudo vai bem.

Brotam flores, brotam sorrisos na aridez.

Lágrimas, já não brotam mais.

Ficaram no passado, encaixotadas como as lembranças de um tempo que se foi.

Costumávamos nos lambuzar de sorvetes. Prazeres diversos. Deliciosos sabores.

Cores de todas as cores.

Canções e danças.

O toque e o barulho do mar.

O presente, passado, passou.

No fim do espetáculo as luzes se apagam. Ruidosos espectadores se vão.

Fica o silêncio, a escuridão, o vazio.

O desejo do desejo. O grito calado. A lágrima seca. O passo imóvel.

Na balança, a busca do equilíbrio.

No universo, o alinhamento dos astros.

A certeza que tudo está bem, mesmo não estando.

É assim que deve ser.

A luz, ainda acessa, não pode cortar a escuridão.

Mas a chama se mantém.

As escolhas, as possibilidades, o desejo.

A fagulha sempre pode causar um grande incêndio.

Iluminar os horizontes, soar, aquecer... Destruir.

Para fazer brotar uma nova floresta.

E começar tudo de novo.


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