domingo, 26 de fevereiro de 2017

Malabaristas

Vejo meninos no semáforo, lançando ao vento bolas gastas de tênis....Ou laranjas....Ou limões.

Eles se empilham em malabarismos circenses em busca de um trocado.

Me pergunto: Quanto tempo eles se dedicaram a aprender tais artes?

E por que não dedicaram esse mesmo tempo às ciências, à matemática, à nossa tão esquecida língua portuguesa?

Por que não estão nas salas de aula, aprendendo uma infinidade de assuntos, e se preparando para os desafios futuros?

Eu mesma respondo:

A sala de aula não oferece um trocado. Uma moeda. O resultado imediato para aquele esforço de aprender malabarismos.

Nossos pequenos artistas circenses tem pressa.

Eles vivem o hoje, como se não houvesse amanhã.

E não há.

Não para eles.

Amanhã eles ainda estarão nesse mesmo cruzamento. E no outro dia também... No natal...

A encruzilhada é mais do que o território de seu ganha pão. Ela é o símbolo de sua situação atual. Mas eles só vêem um caminho...

Eles deram as costas para a outra via.

Talvez, se os meninos do sinal pudessem se equilibrar entre os estudos e os trocados.

Se pudessem aprender com o mesmo esforço, lançar laranjas e escrever uma nova história.

Talvez no natal de algum ano, eles estivessem lançando ao vento, um chapéu de formatura.

Qual o futuro dos meninos, que em troca de algumas moedas, lançam ao vento suas chances de ter uma vida melhor?

3 comentários:

  1. Maria Helena, você me surpreende a cada novo conto. São pequenos e no entanto são grandes. "MALABARISTAS" é o melhor até agora. Lembra " Os Acendedores Do Amanhã " de Antonio Olavo. Um primor. Vou publicar.

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  2. MH esse como já disse é o teu melhor conto. Vou publicar. Vou copiar. Continue minha linda. E não deixe de me mandar.

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  3. Texto lindíssimo. Trata com muita sensibilidade do presente miserável de nossas crianças e dá impossibilidade de um futuro.

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