sábado, 31 de outubro de 2020

Sob a luz do luar



Algumas vezes sonho que estou em lugares que nunca fui.

Tenho conversas intermináveis sob a luz do luar.

Observo as estrelas deitada na espreguiçadeira ao redor da piscina.

Sinto o cheiro do mato. Do orvalho. Do vento salgado quem vem de longe.

Sonho acordada, dirigindo a história e ensaiando as falas e as pausas. Os silencios e os sorrisos.

Lembro o passado, controlo o futuro, coloco o presente em uma caixa que será aberta quando eu acordar.

Algumas vezes vivo em um mundo de fantasias. Sabendo que é um mundo de fantasias. Fantasiando de propósito, só por ter a liberdade de fantasiar a vontade.

E assisto um lindo pôr do sol.

Depois, recolho a bagunça, coloco cada coisa em seu devido lugar e volto para a doce realidade.

Conheço os sabores daqui e de lá. 

Conheço o caminho de ir e vir e acima de tudo, sei onde é o meu lugar.

Algumas vezes eu sonho, mas é acordada que vivo. E vivendo acordada, tenho consciência de que sonhos são bons, mas são só sonhos. Nunca farão parte do mundo real.



quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Diário de uma leitora - Ano 2020


Sempre gostei de ler, desde bem pequenininha. No início, eram revistas em quadrinhos ou pequenos contos. Depois, livros da biblioteca da escola, livros que encontrava pela casa, livros emprestados (e devolvidos).

Com o tempo e as obrigações do dia a dia fui lendo um pouco menos, adquirindo novos hábitos e outros interesses, mas nunca deixei o prazer de lado.

Certa vez, com certo receio em abandonar de vez algo que eu gostava tanto, decidi criar uma pequena meta de leitura: no mínimo 12 livros por ano. Uma média de um por mês.

Parece pouco, mas ao mesmo tempo essa é uma média alta no país em que vivo.

A ideia é que, além de material da escola ou da faculdade, que eu teria que ler obrigatoriamente, além de bulas de remédio, revistas em quadrinhos, historinhas para crianças, revistas nas salas de espera, e outros textos aleatórios, eu ainda lesse, por puro prazer, cerca de 12 livros (no mínimo) a cada ano.

Como boa leitora, tarefa fácil! Alguns livros eu consigo ler em uma noite ou em um final de semana.

No feriado de carnaval, enquanto as pessoas se esbaldam em festas e desfiles, eu leio livros no conforto do meu sofá, ou na areia da praia.
Ah, a praia! Praia e livro são um elixir dos deuses para mim. Posso ficar horas e horas em silêncio, lendo, ouvindo o mar, aquecendo a pele, relaxando e mergulhando em histórias emocionantes.

Quantas e quantas vezes não tive que parar a leitura, respirar fundo e enxugar a lágrima furtiva que se formou no cantinho do olho.

Tempo para ler é sempre um desafio.

Hoje em dia então, com tanta tecnologia que nos cerca, com o tempo gasto em redes sociais, tvs ligadas o dia todo, com as obrigações do trabalho e as tarefas da casa, o tempo de leitura vai ficando cada vez mais reduzido, e tudo que os leitores desejam é ter mais tempo pra ler.

Então, chega o ano de 2020. Chega a Pandemia que assola o planeta. A quarentena, o home office, o tempo. Tempo que não passa ou que passa apressado sem a gente perceber. Dias longos dentro de casa, meses curtos, dias da semana roubados pela confusão de dias iguais.

Todo o tempo do mundo para ler e nenhuma concentração.

Quando pensava em minha meta anual, imaginava que fosse missão impossível: Não tenho conseguido me concentrar - dizia meu cérebro.

Mas por sorte, eu anoto cada livro lido em uma lista e apesar de ter abandonado vários pelo caminho, pude contabilizar onze livros finalizados até agora. E mal entramos em setembro.

Fico pensando em criar um novo desafio. Será que nos quatro meses restantes eu consigo ler todos os livros abandonados? A lista é grande. Alguns ainda seguem empilhados na fila de espera, enquanto outros foram baixados gratuitamente da internet e empoiram no meu e-mail. 

Em 2020 aprendi a ler livros digitais. 

Ainda não comprei um leitor específico para isso mas o celular tem cumprido bem a função.
A vantagem é que enquanto leio no celular, não sinto curiosidade de navegar nas redes sociais, olhar as notícias do dia, responder as mensagens ou olhar as dezenas de grupos que foram se somando aos existentes no ano em que o mundo digital assumiu todas as funções do mundo presencial.

2020 - um ano como nenhum outro que eu já tivesse vivido. Minha geração nos livros de história e nas pesquisas científicas que irão revolucionar mais uma vez a medicina.

Me olho no espelho. Eu. Eu na quarentena. Eu no isolamento. Eu sem planos de viagem, sem planos para o fim de semana, sem planos para o dia de hoje. Eu, me sentindo mais adulta do que já me senti em qualquer outro dia desde que me tornei adulta oficialmente (acho que foi na semana passada).

2020 - Ano sabático. Home everything. Ano em que a falta de concentração para a leitura deve ser superada, porque lendo, posso viver dias normais na vida dos personagens. Lendo, a realidade se preenche de vida. Desafios. Surpresas.

Na noite passada eu li até às 6:30 da manhã, 11 capítulos, quase um terço do livro (digital)... Horas e horas de diversão.

Hoje acordei com vontade de me desafiar a ler. E para registrar a idéia estou escrevendo esse texto.
Depois eu conto como me saí. E vocês me contam como estão as suas leituras.

domingo, 19 de julho de 2020

Sobre escrever: 

Escrever é uma atividade solitária, mas não é necessário estar sozinho para escrever.

Muitas pessoas tem seus rituais de escrita, praticam, revisam, exercitam, estudam, escrevem diariamente, alimentam seus blogs, publicam livros.

Já eu, gosto muito de escrever, desde muito pequena, mas não me dedico tanto a essa arte quanto gostaria. Me cobro por isso. Me cobro, me culpo e continuo repetindo o mesmo padrão.

 Escrevo quando estou "inspirada", ou quando o "sentimento transborda", como costumo dizer.

Muitas vezes o texto vem pronto, outras ele fica martelando em uma única tecla na minha cabeça e eu preciso parar pra descobrir como dar continuidade àquilo que quer surgir.

Tenho textos encomendados por mim, arquivados nas gavetas da mente, esperando o momento de criação e, por outro lado, conheço vários gatilhos que me ajudam a escrever sem esforço, como quem se sente hipnotizado ou está psicografando uma mensagem do além. (Hahahah.... Não reparem nas comparações... Escritores são naturalmente criativos)

 Escritores. Escritora.

 O que faz uma pessoa ser considerada escritora?

 Me considero "meio" escritora, mas também posso ser só alguém alfabetizado que consegue pensar fora da "caixa"... Da caixa encefálica....hahahah.

 Meus pensamentos vão pro papel, pro blog, pras redes... E se antes eu tinha muita vergonha de deixar que as pessoas lessem o que eu escrevia, hoje eu escrevo despreocupada, porque sei que a maioria das pessoas tem preguiça de ler.

 Por isso reafirmo: escrever é uma atividade solitária.

Porém, algumas vezes eu recebo uma mensagem, ou alguém comenta sobre o que escrevi, e então eu percebo que não estou sozinha nessa arte. Se tenho leitores, talvez eu seja escritora. Talvez os meus pensamentos divirtam outras mentes, ou façam sentido para outros seres pensantes (e alfabetizados).

E ainda que o sentimento que me motivou não seja exatamente igual ao sentimento que a leitura despertou, sinto que devo me cobrar mais um pouco.

Sem pressão ou com muita intensidade.

Porque se me faz bem escrever, e se pelo menos uma pessoa se sente bem ao ler, significa que eu devo terminar meus projetos iniciados, desarquivar os textos engavetados, terminar os contos e contar novas histórias.

 Escrever mais (e melhor). Sempre!

sexta-feira, 8 de maio de 2020

Energizando o planeta

Esses dias estava pensando...
Não é só um vírus que está adoecendo o mundo...

Imaginem a quantidade de energia "ruim" que está circulando também : pessimismo, medo, desespero, tristeza, solidão, desconfiança, raiva e insatisfação, discordância de tantas coisas, preocupações diversas, angústias, incertezas.

Toda essa energia (tão invisível quanto o vírus) está causando ainda mais doenças nas pessoas. Doenças físicas e psicológicas. Enfraquecendo nosso sistema imunológico. Enfraquecendo nosso ânimo e nossa força.

E como combater isso?
Pode parecer loucura, idiotice ou fantasia, mas não custa tentar.

Podemos tentar vibrar uma energia melhor em cada um de nós, para que ela se junte à outras boas energias e cause uma grande onda positiva, reequilibrando uma balança que está muito pesada negativamente (algumas pessoas tem a sensibilidade de perceber isso)

1. Vamos nos esforçar para recuperar a esperança (e fé) de que isso tudo vai passar (tem que sentir isso, não só falar da boca pra fora).

2. Vamos recuperar a "paz" de estar dentro de casa. (Ela não é nossa prisão, ela é nossa FORTALEZA, e aqui, estamos seguros)

3. Vamos oferecer qualquer tipo de ajuda àqueles que estão em situação pior que a nossa, seja ela na forma de alimentos, da contratação de um serviço, da compra em um comerciante local, seja ela na forma de uma conversa, uma vídeo chamada, ou sei lá (sejamos criativos)

4. E já que falei em criatividade, sejamos criativos e produtivos em nossa fortaleza também. Vamos criar algo, embelezar a casa, cozinhar e apreciar os sabores, os cheiros que se espalham, a benção de ter comida na mesa.

5. Vamos comemorar diariamente, EU DISSE DIARIAMENTE, a nossa saúde, a saúde das pessoas queridas, a vida daqueles que se recuperaram, a plantinha que nasceu no vaso, o sol que brilha no céu, os sorrisos que podemos dar aos que estão perto, as amizades que resistem à qualquer distância, tudo de bom que temos ao nosso redor.

6. Vamos rezar, meditar, fazer silêncio por alguns minutos e pensar em coisas positivas, pedir a cura, a iluminação aos cientistas que buscam uma vacina, força e coragem aos profissionais que precisam sair de suas casas, especialmente àqueles que estão mais próximos dos doentes e que todos os dias são testados em suas forças.

7. Vamos sorrir, ainda que pareça difícil.. sorrir pro espelho, para as pessoas que moram com você, para rostos também mascarados que passam no corredor do supermercado. Não nos custa olhar nos olhos e sorrir. (Essas pessoas também precisam de energias positivas ou talvez de um sorriso coberto que vem de um desconhecido)

Enfim, vou parando por aqui, mas gostaria de reforçar:

Vamos emanar boas energias!

Vamos ser o sol que brilha em nosso pequeno universo, para ver desabrochar toda a beleza que existe ao nosso redor.

Conto com sua ajuda! Conte comigo para o que precisar.

quarta-feira, 6 de maio de 2020

Reflexão do dia... Que dia é hoje, heim?

Teremos que sobreviver ao vírus,
À crise,
Alguns, à fome,
Ao desespero e à desesperança.
Teremos que sobreviver à saudade, à solidão e talvez à ausência de nomes conhecidos, de pessoas queridas.
Teremos que sobreviver à quarentena, ao isolamento, às mudanças que virão depois.
Teremos que sobreviver ao desconhecido, ao mundo novo.
Teremos que sobreviver ao que está lá fora, mas acima de tudo, teremos que sobreviver ao que está aqui dentro...
Sobreviver à nós mesmos.
Ao nosso auto conhecimento, às nossas angústias, à sensibilidade aflorada.
Teremos que sobreviver à nossa mente, nossos cantos obscuros, às caixas lacradas.
Teremos que sobreviver.
E manter a nossa sanidade. De alguma forma...
Teremos que sobreviver aos dias ruins, e nos esforçar para que eles sejam seguidos de dias bons.
Teremos que lutar todos os dias, para vencer essa guerra e manter os sorrisos nos rostos, ainda que cobertos por máscaras, ainda que umedecidos por lágrimas*. (*Algumas)
Teremos que reaprender.
Reaprender tanta coisa... E eu não quero escrever sobre elas agora.
Porque hoje, hoje eu preciso me distrair. Não pensar em nada, pintar, dormir, ouvir músicas, me recolher em meu pequeno mundinho, e simplesmente sobreviver.
Sobreviver e manter a fé que logo teremos nosso mundo de volta e reencontraremos todos aqueles que também conseguiram sobreviver.

(Aguardando o abraço de todos vocês 😘😘)

sexta-feira, 1 de maio de 2020

Nada a dizer...



Ah... Não tenho nada pra dizer.
Saí.
Saí pq tinha que pegar um documento no trabalho da filha.
Saí, e já que saí, vim voltando pelo caminho mais longo, mas que tem a melhor vista.
E já que a vista é sempre linda por essas bandas, parei.
Parei pra bater uma foto.
Uma foto da praia e do mar que me fazem tanta falta.
Mas consciente de que meu lugar é em casa, voltei.
Fiz o retorno e vi um velho conhecido: Anchieta.
Não a estrada, nem o padre, mas a estátua de Anchieta. E esse, esse também já foi o "meu lugar".
Então, em homenagem à outros tempos, parei. Desci. Tirei uma foto. (Foram 2 na verdade). Voltei.
Voltei pro carro, pro presente, pra casa... Fiz tudo que precisava fazer na rua e voltei pra onde devo ficar.

Não tenho nada pra dizer.
Tenho medo. Tenho mesmo. E mesmo com máscara, álcool em gel, cuidados cuidadosos, sei que existem muitos riscos.
Mas... Já foi. Já fui. Já voltei.
Quis ficar mais. Quis esperar o por do sol. Quis renovar meu bronzeado de camiseta... Quis... Kisses.

Tô quietinha aqui. Quase 3 horas da manhã e eu aqui.
Sem dormir.
Não vou dizer mais nada.
Só: Boa noite!

Hora de dormir. De sonhar...
Quem sabe no sonho eu consigo sentar na minha cadeira de praia, na "minha praia", sentir o calor do sol no meu corpo, a brisa no rosto, as ondas nos pés. Assistir mais um por do sol...
Sonhar...

Quem sabe?

quarta-feira, 15 de abril de 2020

Você já escreveu Hoje?

Mais um hoje começa.

Cheio de notícias de ontem.

Cheio de incertezas do amanhã.

Preencho os pulmões com o ar puro do meu lar, doce lar.

Mais um hoje. Um presente!

Os olhos se abriram como o raiar de um novo dia.

Aves cantam no céu.

Sussurro canções para as angústias da alma.


Admiro os raios de sol que invadem minha sala.

Agradeço pela segurança, pelo alimento, pela saúde da família e dos amigos.

Olho ao redor.

Me pergunto e me respondo como no desenho infantil:

"Já sei o que vamos fazer hoje!"


Planejo só o próximo passo, subo apenas um degrau.

Um degrau de cada vez...

Não leio livros (me falta concentração), mas leio entrelinhas em frases soltas na internet.

Ofereço minhas palavras, minhas orações, meus abraços virtuais com o mesmo aconchego dos abraços reais.


Alguns dias também estou mais carente.

Carente da energia agradável e da estranha paz que venho carregando em meu coração.

A ansiedade, velha companheira de longa data, partiu sem deixar bilhete de adeus.

Com a quarentena, com o vírus, com situações que aconteceram junto nessa época tão estranha, aprendi a dar conta só do agora. E isso me basta.


Sei que vivo em situação privilegiada diante de tanta gente que vive na angústia da incerteza. Talvez seja mais fácil pra mim.

Ou talvez, não seja fácil pra ninguém. Cada um sabe de seus temores e suas dores.


Procuro aprender as lições que vem com as dificuldades. Olho a história e percebo que a humanidade já enfrentou outras guerras. Outras tempestades.

Somos sobreviventes.


Sobreviventes. Aprendendo a sobreviver.

E aprendendo: Sobre "VIVER"