sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Migalhas

Temos fome. Sede. Ânsia de querer um pouco mais. Ou muito mais...

Temos febre. Frio. Delírios noturnos.

Temos migalhas, lançadas esporadicamente, mas que nos fazem sorrir.

Nos lançamos sobre esse pouco como se fosse tudo... E é isso que é.

Famintos, nos contentamos com migalhas. Frases curtas. Conversas pausadas. Breves alôs.

O cobertor curto não aquece nossos corpos carentes.

Os olhos não vêem e o coração sente. Sente ainda mais.

Conscientes, despertos, contamos o tiquetaquear do relógio. E o tempo passa. À seu próprio tempo.

Rápido ou lento, o tempo é o senhor das horas. Dias. Meses.

O pouco que falta ainda parece muito. Mas é menos do que já foi.

A espera é seca como o sertão. Mas chove um pouco aqui, vez ou outra.

Como pombos na imensa praça Veneziana, aguardamos nossas migalhas.

Se isso é tudo. Que seja assim. Ainda que não baste.

Não hoje.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Envie seu comentário para helena73sa@gmail.com ou use esse espaço