Existe um lugar, na praia de Santos, onde um navio encalhou no ano de 1972.
Já faz 45 anos que esse fato ocorreu, e apesar de todo esse tempo, restos do casco ainda estão enterrados na linha do mar.
A área, cercada por gravetos, sinaliza os desavisados sobre os riscos de nadar ali.
Muita gente vai e vem, caminhando, correndo, brincando, mas poucos reparam nos restos de um navio que encalhou. Que navegou um dia, mas morreu na praia.
Recentemente, descobri a importância de me sentar aqui, nessa praia, e admirar esse trecho de mar, nesse lugar que a muitos anos eu já chamo de meu.
Quantas dezenas, talvez centenas de pessoas já tentaram executar a difícil tarefa de remover a carcaça apodrecida da beira da praia?
Quantos deles puderam avançar milímetros nessa missão?
Quantos passaram noites em claro?
Sentada na calçada, sentido na pele o calor do sol ou a brisa da noite, tento aprender uma dura lição.
Nem todas as soluções serão imediatas.
Nem sempre é possível conseguir o que se almeja.
Muitas vezes, é necessário esperar o tempo certo das coisas. As fases da lua, a tábua da marés.
Enquanto a ansiedade nos consome, o resto de um navio aguarda pacientemente, que um dia, possa ser retirado do mar. Ou seja finalmente consumido por ele.
O resultado final, é impossível saber.
É preciso esperar. Observar o movimento das ondas. O movimento da vida.
E isso não significa que devemos desistir, ou esperar que as coisas se resolvam sozinhas....
Significa que de vez em quando, é necessário fazer uma pausa, colocar uma vírgula. Esfriar a cabeça e aproveitar o Recreio.
Logo mais, será hora de novos desafios.
Por isso, não podemos esquecer de curtir o intervalo.
Maria Helena Pereira de Sá.
*Curtindo a Hora do Recreio
Nota: O nome do navio encalhado em 1972 é Recreio.
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