segunda-feira, 30 de julho de 2018

A escolha

Eu escolhi esquecer.

Esquecer quando alguém me magoa.

Mas esquecendo isso, apago memórias que poderiam ser boas.

Eu escolhi não escutar.

Não escutar as queixas e todo o negativismo.

Mas não escutando o que me dizem tantas vezes, deixo de ouvir também, aquilo que poderia ser bom.

Eu escolhi aceitar.

Aceitar que cada pessoa tem seu jeito de ser, suas qualidades e seus defeitos e por isso não adianta me aborrecer com o que eles não são.

Mas aceitando, deixei de tentar alertar para as melhorias que poderiam ser feitas, deixei de tentar ensinar, deixei de enxergar as possibilidades de transformação pessoal dos seres humanos.

Eu escolhi não cobrar dos outros aquilo que eles não são capazes de oferecer, mas também me acomodei e passei a não cobrar nada de mim mesma.

Já não escuto meus próprios anseios, não enxergo as oportunidades de mudança e aceito o gosto insoso do ovo sem sal ou o amargo do café sem açúcar.

Eu esqueci tanta coisa, por escolha própria ou não, que já não me lembro como ser quem eu era antes.

Algumas vezes esqueço de sonhar.

Algumas vezes desisto do sonho só para não ter que discutir sobre isso.

Algumas vezes me sinto tão cansada que tento me convencer que a estrada é essa mesmo.

Mas ainda que não escute e não enxergue, dentro de mim uma voz grita, me lembrando que até às lembranças esquecidas estão guardadas em uma caixa de Pandora, e que um dia, tudo vai escapar.

Os sonhos, ainda que não sonhados, fazem parte de cada célula do meu corpo, e isso é impossível esquecer. É impossível tirar de mim.

Eu escolhi escrever esse texto, abrir os olhos, apurar os ouvidos e me lembrar que as escolhas são minhas, e a qualquer momento eu posso mudar o rumo, buscar horizontes, escalar as mais íngremes montanhas ou simplesmente caminhar em direção àquilo que me faz bem.

Porque a escolha é minha! E eu escolho os sorrisos, os colecionadores de sonhos, os que planejam e realizam, os que escolhem a felicidade. Gotas de felicidade e uma enxurrada de viver bem.

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