Agora
que estou bem velhinha, posso relaxar de verdade.
Passei
tanto tempo cuidando de tudo e de todos, que esqueci a sensação de ter alguém
cuidando de mim.
Acho
que vai ser bom...
Vamos
sentar e conversar por muitas horas.
Vou
te contar histórias de um tempo que ficou pra trás.
E
vou te contar muitas e muitas vezes a mesma história, porque, por alguma razão,
você me faz lembrar dela, e ela te fará lembrar de mim.
Quando
eu me esquecer de você, estarei revivendo uma época em que você nem tinha
nascido.
Cada
cachorro me fará lembrar dos cachorros que tive.
E
me lembrarei de muita gente que já se foi.
Um
dia, eu voltarei a ser criança, e você trocará minhas fraldas.
Nesse
momento, você pode pensar com tristeza, que perdi toda minha independência, ou
pode agradecer aos céus, a possibilidade de retribuir todo amor que um dia te
dei.
Você
vai me pegar no colo e me colocar pra dormir.
Brincaremos
de mãe e filha... e de agora em diante, você será sempre a mãe.
Acho
que vai ser bom...
*Uma história sobre a
doença de Alzheimer
** Algumas vezes, fico
pensando nos caminhos da vida... nas situações que podem ocorrer com cada um de
nós. Nem sempre essas situações nos atingem diretamente, mas estão ali, na casa
do vizinho, na família do amigo...
Precisamos estar dispostos
a enxergar o quadro como um todo... não só a tela, não só a moldura, mas as
marcas nas mãos do artista, os borrões, e entender que a vida é assim. Como um
jardim que tem lindas flores, mas também tem espinhos, insetos que picam, e uma
boa dose de adubo.
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