quinta-feira, 17 de setembro de 2015

#conectados.com

Pela manhã checa as redes sociais antes mesmo de lavar o rosto. Sabe de cor o que vai encontrar, pois não muda quase nada entre meia noite e seis da manhã.

Mas ela checa mesmo assim. Já virou hábito.

Vai para o trabalho. Liga o computador para verificar seus emails. Lê as notícias do dia. Em três sites diferentes, para ter certeza que não perdeu nada.

Abre uma notícia sobre um artista de TV, e outra e mais outra. Pesquisa um site de decoração, um de viagens, um de alimentação saudável.

Se perde na internet por horas, dias, semanas. O tempo passa num borrão, e já não consegue enxergar o que aconteceu com as horas de seu dia.

Hora de ir pra casa. Checa mais uma vez as redes sociais... Já fez isso muitas vezes durante o dia. Teria sido mais interessante passar o dia deitado em outro tipo de rede, à sombra de uma árvore frondosa.

Durante o trajeto para casa, responde às conversas no telefone celular.

Não, desculpe, agora ele se chama smart fone.

O aparelho ainda permite fazer ligações. Mas ninguém as faz.

Ninguém conversa mais. Nem ao vivo, nem ao telefone. As pessoas agora, mandam mensagens.

E esperam furiosas quando as respostas não vem imediatamente.

Pelo menos elas estão escrevendo e lendo... Quem dera! Os textos são escritos em uma língua nova, cheia de abreviações e erros bizarros.

Algumas pessoas, com preguiça, ou por estarem dirigindo já nem escrevem. Gravam áudios. É como conversar, mas só um fala. E o outro só escuta. São pequenos monólogos. Não existe troca. Eu digo. Você diz. Eu contínuo. Você continua. E no fim um tchau. Um emoticon (aqueles desenhos fofofos...ou não tão fofos depois da atualização do aplicativo).

Algumas vezes nem isso. Só o silêncio.

E o silêncio é fim da conversa.

Voltemos aos sites, às redes sociais, ao túnel do tempo que nos faz perder o presente e seguir direto pra lugar nenhum.

Conectados. Sempre conectados. Queira o destino, que a bateria não acabe no meio do caminho. Que a gente não esqueça esse aparelhinho em casa, e muito menos que um bandido armado tente roubá-lo de nós.

A gente pode se arriscar, dizendo que está sem celular. Quem iria acreditar?

O ladrão, impiedoso, certamente vai nos revistar. E vai achar. E se dermos sorte, vai embora feliz sem nos fazer mal.

Como se houvesse coisa pior do que levar nosso celular, com todos os contatos, as fotos, as músicas...

Nossa vida toda nesse pequeno aparelho...

Será mesmo? Não seria a vida, mais importante do que qualquer outra coisa?




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