Atravessando fronteiras
Desde muito pequenos aprendemos que o mundo tem seus
limites. Nosso espaço é restrito ao berço, ao cercadinho, à sala de estar.
Qualquer lugar além desses, não pode ser explorado, pois existem perigos que
nossos dedinhos curiosos não devem alcançar.
Aos poucos, saímos do colo e passamos a andar no chão. Logo
queremos subir nos móveis. Mas os móveis nos são proibidos porque podemos cair.
Um dia descobrimos tomadas e interruptores, mas eles também são alvos
inatingíveis, pois podemos tomar um choque.
Algumas crianças passam a infância buscando algo novo, novos
desafios. Outras aprendem rapidamente a obedecer, e param de tentar alcançar o
horizonte. (Para a tranquilidade de seus pais)
O grande problema é que quando crescem, essas crianças se
transformam em adultos estagnados, e assim como os elefantes de circo, ficam
conformadas com as correntes finas que os amarraram na infância, e param de
tentar se soltar... avançar.
Em alguns casos, a situação é ainda pior. As pessoas começam
a criar suas próprias limitações, suas próprias barreiras. E assim, criam
fronteiras intransponíveis, com muralhas imensas e uma burocracia infinita,
para justificar seu universo limitado. Alguns dizem que não podem estudar
porque falta tempo, outros dizem que não podem viajar por não ter dinheiro...
uns esperam os filhos crescerem para poder ter mais independência, porém depois
que eles crescem, afirmam que é impossível deixá-los sozinhos pois são muito
desajuizados.
O ser humano sempre tem uma boa desculpa para deixar de
fazer aquilo que ele se convenceu que é incapaz de fazer, ou que não pode
fazer, não por incapacidade, mas por que “não vai ser possível”.
Certa vez, li em um livro, que as pessoas costumam andar
olhando para o chão. Apesar de imaginar que isso ocorre, na maioria das vezes,
devido ao mau estado das calçadas, considero essa atitude um grande desperdício
de horizontes.
A pessoa que caminha olhando para o chão, é a mesma que
instalou suas fronteiras a apenas alguns passos de onde se encontra. Ela não
sai de casa pois está sempre cansada, não muda de emprego porque o mercado está
difícil, não termina o relacionamento confuso e sofrido porque tem medo de
ficar sozinha. Ela não olha para frente, não admira o horizonte nem o nascer e
o pôr-do-sol. Ela não olha nos olhos e não ultrapassa suas fronteiras.
Todos nós temos nossas fronteiras. Alguns as mantém a centímetros
de distância de seus próprios pés, outros as colocam a milhares de quilômetros...
Mas independente da distância, todos nós devemos aprender a atravessar as
fronteiras que nos mantém em um universo limitado. Todos devemos arrebentar as
amarras e seguir por caminhos nunca antes explorados, pois o valor da vida está
em aprender, experimentar, colecionar bons momentos, criar memórias, olhar para
a frente e enxergar o horizonte. Conquistar amigos, amores... conquistar o
mundo !!!!
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